sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O velho piso de pinus. O frio lá fora. O casal que se aninha na mesma poltrona.

"Eu não tenho motivos para escrever,
Nunca me deram.
Escrevo porque quero,
porque não me contenho.
Porque sou eu.
As palavras vêm, brotam e florescem."
-Van Simões
Bauru, 29/01/2008










SOBRE A MULHER QUE CRUZEI ALHURES


Na ira da tua boca,
um contrair-se
cheio de opinião.
De seus olhos petulantes
ainda que inocentes,
libera-se a certeza
de que um dia,
por um minuto ou mais,
mesmo sem querer
eu te quis,
mesmo sem poder
eu te quis,
me desfiz
em teus olhos
-semicerrados-
no lusco-fusco do anoitecer
dos teus beijos.
E eu te tive.
Mesmo que em pensamento.


-Victor Mariusso
Bauru, 17/08/04
Ouvindo: Beatles - Sexy Sadie

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

A porta se fecha. Fecham-se os olhos. Só o silêncio responde.

A título de epígrafe:

"Apague a luz!
Não se vá dos meus sonhos.
Tranque as portas, feche as cortinas,
Não deixe que a luz entre!
Quando ela entra,
você se vai,
minha sanidade volta.
Apague a luz!"

-Van Simões
Bauru, 30/01/2008





PARTIDA

E como se me fosse fácil,
você deixa a porta entreaberta
como se já fosse simples,
e fosse nada o ir-se.
Como se fosse muito, o nada.
E como se te fosse fácil,
a hora da dor, táctil,
o teu peito, frágil,
como se fosse o mundo
e se fosse tudo,
o nada que restou.
Como se eu fosse mudo,
a surda voz que cala
nada pode contra o oco eco
que se estabelece grande,
muito grande.
Como se fosse fundo,
ao ardor da ida,
do ir-se,
acaba por acostumar-se.
Como se fosse fácil
você vai.
Fica o silêncio.



-Victor Mariusso
Marília, 17/04/2007

Ouvindo: Bajo Fondo Tango Club - Montserrat

Sons entrecortados. Um acorde, dois. A noite cai.

DESVARIO



É que a noite
que por vezes cobre
teu rosto
revela a sordidez
e a complicação
de cada volteio,
cada esquina de caminho
cada emaranhado
do labirinto em que se faz a minha mente
por esse seu jeito,
esse seu meio
que me atrai
que se esvai,
do que te vai
pela cabeça,
esse eu te amo
essa doença
que me consome
e me consuma
aos poucos
esse jogo louco
de te querer
de me seduzir
de me afastar
e te odiar
por quase um segundo
ou mais...





-Victor Mariusso
Bauru, 2004



Ouvindo: Luca Bernar - Per Arafat

Poema prófugo: tempos pretéritos. Amores presentes. Dores futuras?

MANDALAS



Despacio,
casi calmamente,
sube el humo
de uno de mis últimos cigarrillos.
Las mandalas irisadas de tus ojos
sostienen el brillo
de dos (mil) candelas,
que me hieren,
que me queman los adentros.
Me duele tu sonrisa enamorada,
me hieren tus juras
que por más que sinceras,
se dirigen a mí:
imperfecto y humano.
Porque a mi te entregás?
Justo a mi,
que nada te puedo ofrecer, todavia.
Justo a mi,
que traigo en el alma
todos los defectos,
mis errores,
mi sucia humanidad.
A mi te entregás,
que te amo más a vos,
que a mi mismo.

El aire todavia
sostiene tu olor.


-Victor Mariusso
Bauru, 2004




Ouvindo: Bajo Fondo Tango Club - Maroma